A Vingança de Fred

O ator Fred Dryer (Tiro Certo) prova que um ex-jogador
de futebol pode fazer sucesso no horário nobre.

Fred Dryer se agacha, faz pontaria e atira. No alvo. O bandido que ele mirava recua e cai do helicóptero, que está voando alto. O ator principal de Tiro Certo então endireita-se e caminha em direção ao seu trailer. No percurso, tenta explicar porque Tiro Certo tem alcançado tanto sucesso. Ou melhor, ele explica o que o seriado não é, apesar das aparências contrarias.

"Este não e um programa violento", ele diz sobre a série policial da NBC. "Nos tínhamos perseguições de carro e brigas em todos os episódios e uma grande parte de nosso orçamento ia para os dublês. Agora as coisas já não são assim e eu acho que a série está melhor por isso."

E parece que o mesmo pensam milhares de telespectadores. Tiro Certo é responsável pela transformação de Fred Dryer (42 anos) de jogador de futebol em estrela de Hollywood. E Dryer, depois de uma melancólica estreia em 1984, tem visto sua popularidade como Sargento Rick Hunter crescer a cada ano.

Pensando num futuro trabalho em filmes, Dryer envolveu-se na produção e direção da série, pois espera seguir os passes de Clint Eastwood, um ator com quem se parece bastante.

E por que não? Tiro Certo recentemente alcançou altos índices de audiencia e conta, curiosamente, com 110 milhões de leais seguidores na China. Por que tantos chineses? Dryer franze a testa: "Existem muitos meios de se comunicar sem falar em cena."

Fred é considerado o tipo calado, durão. "Eu acho que Fred e eu somos do tipo macho man", diz Ed Marinaro, que estrelou a série Hill Street Blues e que também foi jogador de futebol americano. "Eu não digo isso como uma coisa ruim. E por causa do meio de que viemos: deixe-nos mostrar a você como se faz, não dizer."

Os dois atletas acertaram em não aceitarem trocar sua fama conseguida no futebol por pequenos papéis quando foram para Hollywood. "Nos levamos a sério o que fazemos", diz Marinaro. "Nos nos colocamos como atores viáveis. Você olha em volta e vê muitos atletas que viraram atores e que não se levam a sério."

Atualmente, no papel de ator o macho man Dryer parece não se importar quando o maquiador empoa sua testa repetidamente a cada intervalo da gravação. "Você tem que ter certeza de que está bem preparado", Dryer diz, enquanto devora um dos 5 peitos de frango que vai comer nesta tarde (ele continua comendo como uma atleta). "Ninguém quer ver as suas olheiras. Então, quando alguém passa maquiagem na minha cara eu entendo porque faz isso. Pela mesma razão, um cara colocava bandagens no meu tornozelo (quando jogava futebol): faz parte."

"Você sabe o que é interessante?" ele pergunta. "Stepfanie Kramer (que faz a inseparável companheira de Hunter, a Sargento DeeDee MeCall) é diferente pessoalmente. Quando esta maquiada ela fica glamurosa e quando você a vê sem maquiagem ela parece uma garota comum, baixinha, mas ainda assim sexy.

Para o desagrado de Dryer, ele e Kramer tiveram recentemente que esquivar-se de rumores sobre uma ligação fora da telinha, talvez porque a ocasional tensão sexual entre os dois na frente das câmeras seja bastante convincente. "Eu não estou namorando Stepfanie", ele diz. Eu saí com ela socialmente, jantamos juntos. Nós temos ido a shows; nós fomos a um show, eu acho. Ou não fomos?", pausa. "Talvez fosse outra pessoa", ele acrescenta rindo.

Junto com o sucesso de Dryer veio uma perda em sua vida particular: seu divórcio de Tracy Vaccaro, atriz e ex-coelhinha da Playboy, com quem esteve casado por 5 anos. "E amigável", ele diz. "E minha filha (Caitlin, 5 anos) está comigo todo o fim de semana. Ela significa tudo para mim."

Dryer resiste em falar sobre sua separação. "Você tem que ter segredos", ele diz. "Se não você não tem nada com o que ir pra cama. Quando as luzes se apagam e você nâo tem nada que é só seu — se tudo esta por aí, nas ruas — o que você tem?"

Surpreendentemente há pouco cinismo em Dryer, considerando que ele tem sido uma pessoa pública por mais da metade de sua vida, desde seus dias como jogador na Universidade de San Diego em 1967, até os tempos como jogador do New York Giants e do Los Angeles Rams e agora sendo um sucesso em Hollywood. "Eu tenho sido fotografado e dado autógrafos nos últimos 20 anos", diz ele, que nasceu no Sul da California. "Tudo o que as pessoas querem é dizer 'Oi, como vai você? Eu gosto de você'. Quantas pessoas ouvem isso?"

"Eu tenho muita sorte", ele diz enquanto se dirige para a parte de trás de seu trailer para trocar sua roupa de "detetive" por jeans, uma camisa de seda e mocassins. Dryer tem um encontro esta noite — com Caitlin, em sua casa em Brentwood.

Saindo do trailer, encontra dois garotos que entregam a ele folhas de caderno. Fred assina duas vezes, conversa um pouco com os meninos e segue em direção ao seu Dodge Diplomata branco.

"Parece um carro velho, de tira", observa um dos meninos, que explica que descobriu o local de filmagem esta manhã, a caminho da escola. "Nós pensamos que eles ainda estavam filmando, então viemos através dos arbustos. Pensamos que íamos ser expulsos." Nada com o que se preocupar. O trabalho de Hunter esta terminado por hoje.


Curtis Permen
US
12/06/1989
Tradução: Gisele

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Fred Dryer: Land's End não é Tiro Certo na praia

Fred Dryer é inflexível em uma coisa: "Land's End não é, repito, não é Tiro Certo na praia".

Em Tiro Certo, Dryer interpretava um detetive durão de Los Angeles enquanto que nesta sua nova série faz um ex-detetive de policia de Los Angeles que vai para o México ajudar um amigo em apuros e por lá acaba ficando, passando a trabalhar como detetive particular.

Dryer diz: "Eu não iria insultar o público vestindo bermudas e perambulando pela praia como se fosse o Hunter".

No entanto, a maior diferença entre a longa série Tiro Certo — que foi ao ar pela NBC de 1984 a 1991 — e a nova Land's End está atrás das câmeras.

Dryer não é apenas o ator principal da série, mas também seu produtor executivo (através de sua própria empresa Fred Dryer Productions, que também está desenvolvendo outra série de 1 hora, uma comédia de 30 minutos e filmes) e assim, o ex-astro do futebol americano profissional dá as ordens.

Um desafio foi levar a produção de Land's End para Cabo San Lucas, no México. Elenco e equipe encontraram muitas dificuldades, desde furacões e falta de eletricidade até problemas com a passagem do equipamento através da fronteira.

Outro desafio foi a decisão de sindicalizar a série. Dryer admite que ofereceu Land's End para a ABC e para a CBS, mas "assim que nos começamos a conversar sobre a veiculação, a coisa comegou a ficar muito desinteressante" ele diz. No mercado sindicalizado "você tem menos dinheiro, com certeza, mas tem mais controle... E esta era uma troca que eu estava querendo fazer".


Christy Slewinski
The News-Times
28/12/1995
Tradução: Gisele