John Frederick Dryer nasceu em Hawthorne, Califórnia, Estados Unidos, em 6 de julho de 1946, filho de Charles F. Dryer e Genevieve Nell Clark. Criado em Lawndale, Califórnia, fez o Ensino Médio na Lawndale High School e freqüentou a universidade de El Camino. Antes de atuar, jogou futebol americano por 14 anos.
Inicialmente Dryer jogou pelos Aztecs, time da Universidade Estadual de San Diego, nas temporadas 1967 e 1968, sob as ordens do técnico Don Coryell. Com 2 m, 102 kg e usando a camisa # 77, Fred jogava como defensive end — jogador cujo dever é "caçar" e derrubar o quarterback do time adversário.
Em 15 de setembro de 1967 ele estava entre os jogadores que primeiro pisaram no recém-inaugurado estádio da Universidade de San Diego (hoje Qualcomm Stadium), quando os Aztecs derrotaram o time da Universidade Estadual do Tennessee (16-8) em frente a 42.822 torcedores.
Em 1968, recebeu o Chase Memorial Trophy como o melhor jogador universitário em sua posição. No ano seguinte, jogou o College All-Star Game, o East-West Shrine Game e o Hula Bowl.
Em 1988, Fred entrou para o Hall da Fama dos Aztecs e, finalmente, em 8 de maio de 1997, foi nomeado para o Hall da Fama do Futebol Universitário, por ter sido considerado um dos mais dominantes jogadores defensivos da história do futebol universitário. A cerimônia de entrada no Hall aconteceu em 16 de agosto de 1997 em South Bend, Indiana e em 8 de novembro ele retornou a San Diego para ser homenageado durante o jogo comemorativo de volta às aulas (Homecoming), contra os Spartans da Universidade de San José.
— Estar aqui (South Bend) hoje significa que ajudei o time da universidade a subir de categoria. Agora, a Universidade Estadual de San Diego joga contra Washington, Arizona, USC, UCLA, Oklahoma. Eu me sinto bem em ser parte disto, me sinto bastante lisongeado. (ESPN)
— Definitivamente, estou ansioso para retornar a San Diego. Eu me diverti muito mais jogando futebol universitário do que profissional. Nós éramos mais livres e compartilhávamos algo único. Além disso, éramos jovens e estúpidos. Minha experiência em San Diego foi um ponto alto de minha vida. Eu convivi com pessoas diferentes e vi coisas diferentes. Eu ainda mantenho contato com alguns colegas da universidade, mas com muito poucos do futebol profissional. Eu fui parte de um projeto novo, que estava dando certo, estava aparecendo. E tive o benefício de jogar com ótimos jogadores, que achava serem melhores do que eu, mas que não tinham o tamanho exigido para jogarem profissionalmente. Também tive o benefício de jogar num novo estádio e para uma das mais dinâmicas equipes técnicas do país. (Daily Aztec)
Foto © Joey Raymond (AP)
Dryer começou sua carreira no futebol profissional em 1969, quando foi recrutado pelo New York Giants, jogando com o número 89. Contudo, o californiano parece não ter se acostumado com a cidade de Nova Iorque — lá ele se sentia "sufocado" ("Tudo é vertical em Nova Iorque; eu sou uma pessoa horizontal, Los Angeles é horizontal" ele costumava dizer) e logo deixou o Giants,
retornando para a Califórnia para jogar no Los Angeles Rams, time em que ficou de 1972 a 1981, ano em que parou de jogar. (Obs.: O caminho de retorno à Los Angeles não foi direto; primeiro, o Giants vendeu o passe de Fred para o New England Patriots e este então passou Fred para o Rams.)
Em 21 de outubro de 1973 o defensive end # 89 Fred Dryer bateu um recorde do futebol americano, registrando 2 safeties (safety: fazer com que o outro time coloque a bola no chão, em sua própria área de gol) no jogo contra o Green Bay Packers. Este recorde é válido até hoje.
Com o Rams, Fred jogou o Pro-Bowl em 1970 e 1975 e o Super Bowl XIV (a grande final do futebol americano) em 1980, quando o time de Los Angeles foi derrotado pelo Pittsburgh Steelers. Depois do jogo, Fred declarou:
— Nós os deixamos (os Steelers) numa situação muito ruim. Ninguém do Rams está amargurado, ninguém está aborrecido. Nós jogamos como nunca. Eu garanto que aqueles caras SABEM que estiveram num jogo de futebol.
Fred era considerado um maverick pelo seu estilo de jogo — e dizem que também levava a vida como um. Em uma reportagem feita na época, ele aparece em um zoológico com os animais de que mais gostava (ou gosta): os pássaros, pois no som do bater das asas ele ouvia uma canção de liberdade. Por três anos (enquanto estava no New York Giants), morou em uma velha van Volkswagen:
— Eu não sabia onde jogar a âncora. Dirigir acabou tornando-se uma forma de terapia para mim, enquanto cruzava os Estados Unidos e Canadá por diversas vezesdurante os meses em que não estava jogando. Ainda guardo pequenas lembranças daquelas viagens, como assistir a um jogo da liga infantil de beisebol, perto de uma parada de caminhões numa pequena cidade do Kansas. Caminhoneiros esquentavam hamburgers no capô de seus veículos e bebiam cerveja perto do campo, enquanto os meninos jogavam. Eu sinto falta daqueles tempos. (The Toronto Star, 06/13/1987)
E era brincalhão, dentro e fora dos campos de futebol. Durante os treinos (ou jogos), ele sempre aprontava. Um de seus talentos era imitar a voz de Tommy Prothro, seu técnico no Rams em 1972. Ele atormentava os outros jogadores dizendo que eles estavam impedidos, usando a voz do técnico! O colunista esportivo Joe Biddle conta a seguinte história: "Um dos Rams originais, Fred Dryer,lembrou-se de um importante jogo que ficou muito famoso na Liga Nacional de Futebol. Dryer conta que num momemto crucial durante o jogo, um eufórico companheiro gritou: 'Vamos, pessoal! Não existe amanhã!' Dryer levantou-se e foi para o banco. Todos quiseram saber o que estava errado. 'Nada', respodeu Dryer. 'Mas se não existe amanhã, eu tenho certeza de que não vou gastar meu último dia jogando futebol'" (The Tennessean Monday, 11/01/1999)
Apesar de ser a favor dos testes anti-doping e de punições severas aos atletas que fazem uso de drogas, Fred admite que usou esteróides em uma época de sua vida:
— Eu tomei esteróides quando estava no começo do curso universitário. Havia toda aquela ênfase em tamanho e disseram para mim que se quisesse melhorar e ganhar peso, seria melhor eu usar esteróides. Fui ao médico, consegui uma receita e aquilo funcionou. Mas meu comportamento mudou, eu estava sempre constipado. Depois de uns 4 ou 5 meses, me perguntei: "É isso que eu quero para a minha vida?" E então, parei.(The Toronto Star, 01/12/1990)
Após parar de jogar, Fred foi trabalhar para a rede de TV CBS como comentarista de futebol; porém, por sentir que era um trabalho que não lhe dava muita liberdade e por estar cansado de viajar, desistiu depois de 10 jogos.
Foto: Autographed Collectibles - CPG Direct
Na década de 80, Fred Dryer começou a atuar. Em 1979 começou a estudar com a atriz Nina Foch (filmes Spartacus e Um Americano em Paris, entre vários outros).
— A fim de deixar de lado a carreira no futebol, você quase tem que se esquecer quem você era. Eu não poderia ser um atleta em minha mente pelo resto da vida, então eu deixei o jogador para trás. Depois de um ano, era como se eu nunca tivesse praticado esportes. (Time)
— Eu era um jogador e gostava disto, mas o trabalho da minha vida não era me tornar um técnico de futebol, proprietário de um time ou comentarista esportivo. Eu sempre fui fascinado pela atuação; eu gosto de filmes. Eu era curioso sobre o tema — porque as pessoas atuam, porque não atuam. O quê faz um bom ator. Então, eu me envolvi com isto e pensei "é o que eu quero fazer". (The Toronto Star, 04/09/1989)
Com a participação nos filmes Gus e Prime Time, ele conseguiu seu cartão da Screen Actors Guild (associação dos atores de cinema e TV). Seu primeiro papel importante foi em The Starmaker, onde fez o padrasto de Melanie Griffith.
— Eu fiz um bom trabalho em The Starmaker e tive uma resposta positiva. Eu sou o tipo de pessoa que se esforça ainda mais quando é elogiado e encorajado. (The San Diego Union Tribune)
Desde que começou a atuar, Fred sabia o que queria — e o que não queria:
— Tentaram me dar papéis típicos de ex-jogador, mas eu recusei. Eu poderia me dar muito bem financeiramente com estes papéis, são como estrume de cavalo, estão em todo o lugar. Eu nunca aceitei menos do que pretendia, recusando muitos trabalhos, porque sentia que poderia fazer um papel principal e ter uma série. Recusei muitos papéis de peso, feitos para caras grandões e altos. (The Toronto Star, 04/09/1989)
Em 1982, Fred participou das audições para o papel de Sam Malone, personagem principal da série Cheers. Ficando entre os três finalistas, perdeu para o ator Ted Danson. Mais tarde, trabalhou em alguns episódios como convidado, fazendo o comentarista esportivo Dave Richards, ex-colega de Sam no time de beisebol Boston Red Sox.
Em 1984, Fred foi escolhido para o papel principal da série Tiro Certo (Hunter): Sargento Richard Hunter, detetive da Divisão de Homicídios da polícia de Los Angeles (LAPD). Criada por Frank Lupo e produzida por Stephen J. Cannell, Tiro Certo é uma versão para a televisão da série de filmes Dirty Harry de Clint Eastwood. A parceira de Hunter é a Sargento Dee Dee McCall, interpretada pela atriz Stepfanie Kramer.
Através de sua própria produtora, Fred Dryer Productions, Fred retomou o papel do detetive de Los Angeles no telefilme The Return of Hunter: Everyone Walks in L.A, em 1995. Neste filme, Hunter (promovido a tenente) tem sua noiva assassinada no dia de Saint Valentine (o dia dos namorados americano). Mais 2 filmes foram produzidos — Tiro Certo: Em Busca de Justiça (2002) e Tiro Certo: De Volta à Ativa (2003) e ainda 5 novos episódios (2003).
Tiro Certo foi veiculada na rede de TV NBC de 1984 a 1991, nos Estados Unidos, e no Brasil foi ao ar pela Rede Globo; a partir de 2005, começou a ser lançada, nos EUA, em [DVD]. Os filmes (de 2002 e 2003) passaram na rede Telecine (NET).
Foto: Skye-Box Sports Memorabilia
Também em 1995, Dryer produziu e estrelou a série Land’s End, inteiramente filmada em Cabo San Lucas, Baja Califórnia, México. Neste trabalho Fred interpreta o ex-detetive da polícia de Los Angeles Mike Land, cuja esposa foi assassinada por um traficante de drogas. Antes de começar a filmar a nova série, Fred disse:
— Land's End será produzida tendo em vista o mercado mundial. Nós estamos seguindo os passos de SOS Malibu, a série de maior sucesso no exterior da história da televisão americana. Será uma atração familiar para o horário nobre, com elementos de humor e drama, um Arquivo Confindencial dos anos 90. Depois do debate sobre a violência na TV, existe um consenso sobre o que você não pode dizer ou fazer em televisão, mas nada sobre o que você pode dizer ou fazer. Esta é uma das razões porque eu quero que Land's End seja uma produção independente. Eu não quero lidar com a burocracia das grandes redes de TV. Eu apenas quero fazer uma série para os meus fãs... e eu sei quem são e o que querem. Se eles gostaram de Tiro Certo, vão amar Land's End. (The Toronto Star, 10/23/1994)
Ainda no elenco estão Geoffrey Lewis (pai de Juliette Lewis) como Willis P. Dunleevy, Tim Thomerson como Dave Thunder Thornton e Pamela Bowen como Courtney Saunders. Infelizmente, Land’s End teve apenas uma temporada (piloto + 20 episódios). No Brasil estreou em 18 de janeiro de 1996 no canal a cabo TeleUno (hoje AXN), saindo da programação após 4 anos.
Desde que Land's End foi concluída, Fred tem feito e produzido filmes e participado como convidado em séries e programas de TV, bem como apresentando um programa de rádio na [CRN].
Fred Dryer tem olhos azuis, uma tatuagem no braço direito (a cabeça de um felino selvagem, tatuada aos 17 anos). Quando jovem, seus hobbies eram surfar e mergulhar para pegar haliotes (uma espécie de molusco). Seu pai morreu em 14 de setembro de 1963 e sua mãe, em 1994.
Fred não come carne vermelha e não bebe refrigerante, ADORA frango e não dispensa pizzas e sanduíches de pasta de amendoim.
— É engraçado, mas as pessoas se preocupam mais com seus sapatos e meias do que com o que colocam em seus estômagos...
Gosta de jogar golfe, fazer exercícios físicos e de construção — chegando a afirmar que se não fosse ator e produtor estaria no ramo da construção civil. Ele e seu irmão Charles ajudaram o pai deles a construir sua casa. Além disso, em 1993 Fred construiu uma mansão de 5 milhões de dólares, a qual vendeu há poucos anos porque, segundo suas próprias palavras, é um homem simples que não tem necessidade de luxo.
— O mais importante é que sou capaz de fazer outras coisas. Minha vida não é definida pelo fato de ter feito Tiro Certo ou de ter sido jogador de futebol. Eu quero tantas experiências diferentes quantas eu possa ter.
Fred casou-se em maio de 1983 com a atriz e coelhinha da Playboy Tracy Vaccaro, que trabalhou com ele em alguns episódios de Tiro Certo (Case X como Evie, O Nascimento como Stacey Collins, Ring of Honor, Cries of Silence como Linda Conway, Ex Marks the Spot como Linda) e Land’s End (piloto, A Vingança, Dr. Amor como April em todos). Ele a conheceu na casa de seu grande amigo Hugh Heffner (editor da revista Playboy), num domingo de verão. Ela estava à beira da piscina; Fred se aproximou, disse que ela parecia estar muito tensa, precisando de uma massagem no pescoço — a cantada colou, resultando em namoro e casamento.
Tracy nasceu em Glendale, Califórnia, em 4 de maio de 1962 e foi o famoso poster central da Playboy em outubro de 1983 e capa em julho de 1985. Eles se separaram em 1986 (mas só se divorciaram em 1988) após um casamento de 5 anos, e têm uma filha chamada Caitlin Nell Dryer, nascida em 12 de abril de 1984:
— Eu tive uma criança de um grande amor por uma mulher e não me arrependo. É mais gratificante do que eu jamais poderia ter imaginado. (Philadelphia Dairy News, 1989)
— Ela nasceu de cesariana e fui o primeiro a segurá-la em meus braços. Fiquei no hospital durante 3 dias para não ter que deixá-la. Ela até mesmo dormia perto de mim, ao invés de ao lado de sua mãe. Desde então, existe um laço muito forte entre nós dois. É muito madura para a idade dela e temos conversas incríveis. Se ela quiser ser atriz quando crescer, eu a ajudarei, mas até lá quero que tenha uma infância normal. (Télé 7 Jours, 1988)
Segundo eles, a principal causa da separação foram as 12-18 horas diárias de trabalho de Fred em Tiro Certo.
Depois do divórcio, Tracy casou-se novamente e mudou-se com Caitlin e o novo marido para Las Vegas, tendo, em 1989, um outro filho. O fato de Caitlin não morar mais em Los Angeles não afetou sua relação com o pai. Em 1989 Fred afirmou (pouco antes de voar para Las Vegas para o Dia de Ação de Graças):
— A principal preocupação minha e de Tracy tem sempre sido nossa filha, então nós deixamos de lado nossos sentimentos. Eu estou sempre indo para Las Vegas para estar com Caitlin — eu estava lá para colocá-la no ônibus em seu primeiro dia na escola, para a reunião com sua professora — e, toda vez que vou para lá, eu fico hospedado com Tracy e seu marido. Muitas vezes, Caitlin vem me ver; eu sou grato por ela ter uma vida muito feliz; fico satisfeito que minha filha e Tracy estejam em tão boas mãos. (Los Angeles Daily News)
Caitlin casou-se com o ator Jason Padgett em outubro de 2006.
Fred continua vivendo em Los Angeles.
Sou o cara mais sortudo que conheço. Tenho grandes amigos e trabalho com ótimas pessoas todos os dias; minha filha está crescendo saudável e feliz e estou fazendo o que eu quero fazer. (Los Angeles Times, 21/04/1999)